terça-feira, 25 de março de 2008

As cores que a borboleta trás


um sonho e de repente o sol, na cara...
alguns dias, meses, anos e ate décadas de investimento e booo!!!
...começa tudo outra vez...

...Alimélia era o nome dela... sem duvida ela era a menina mais bonita da pacata cidadezinha de Arumarana, ela era alva como as borboletas albinas que imaginei ver certa tarde, naquele velho pomar do quintal de meus pensamentos...claramente exato, inalei o perfume delicado das rosas que eram suavemente beijadas pelas branquinhas borboletas, as borboletas eram albinas sim, mas curiosamente tinham um estranho detalhe amarelado em suas asas, pequenas bolinhas de sonhos que curiosamente ou não... apenas eu e mais alguns poucos que se encontravam no mesmo estado pleno de paixão que eu, conseguiam enxergar.
Eu sentia uma tranqüilidade terna ao lado dela.
Estávamos tão envolvidos com nossos sentimentos, que é como se tudo fosse unificado em um só olhar...
Durante um dia de sol o lago era verde, a relva delicada e macia, o céu de um azul celestial, e quando não, o nublado nos dava a idéia de colar na cama, assistir filmes e comer pipoca, mais grudados um no outro do que nos lençóis acetinados.
Apesar das cores, dos gestos, dos gostos, acho que não percebi a essência humana da alma de Alimelía, talvez eu gostasse dos momentos ao lado dela, mas quanto a mim de fato...
não sei se fui puramente nu e acredito que pequei, me entregando apenas aos desejos fugazes...
a beleza existia com ela, mas no outro dia me perdia em contradições...
é como se eu não soubesse se preferia a pipoca, o filme ou os olhos cinza-claro de Alimelia.
cultivei o amor dentro de mim, através da sensação que o próprio amor me provocava...não o amor por Alimélia... ela era penas o instrumento do meu amor.
fui pela metade e por puro egoísmo não soube perceber o carinho doce que ela me oferecia...
terminei o dia com doses de boemia,com filmes inacabados, pipocas frias...e som de galhos caindo...de tudo ficou nada... ou quase nada...só me resta pensar nas bolinhas amarelas das borboletas albinas e seguir com novos sonhos...ate um dia em que espero amar não apenas o amor, mas o meu amor no amor do outro e o do outro no meu.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Estranho sentimentalismo dos ventos.

A inocência desacelerada dos minutos de paixão, se chocam com o egoísmo humano, q dilacera as chances de um sincero bem de amor.
sem tons e sem gestos, sem cor e sem gosto o envolvimento carnal agride nas profundezas da alma e deixa o vazio de madrugadas frias e solitárias.
no fim, tudo se renova com novas ilusões vindas de mesmos corredores iluminados com um feixe de luz ao final, ou talvez venham de novas estradas que parecem prolongar a nossa, o fato é que no fim tudo é mais além...
as tortas linhas reaparecem sempre que as estradas pontuam duplamente, atomentam e cortam friamente a carne de o tecido retalhado.

quarta-feira, 19 de março de 2008

- INTERVALO -

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado -
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...Quem te disse tão cedo? Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?Seria alguém, seria?Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei? Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente? Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca -
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.

(Fernando Pessoa)

sábado, 1 de março de 2008

bem-me-quer no mal-me-quer do bem amado


No bem querer das coisas findas,
me lambuso no confuso mundo das ilusões e da efemeridade dos desejos.
Num poço de deleites inacabados me afundo nas magoas do mal-me-quer do bem querer, como fonte de sentidos obscuros que me fazem mergulhar em eus desconhecidos, em busca de um eu maior.
Bem-me quer, meu bem amado, não te quero mais com forças bruscas, e com olhos de ternura me retiro pra poder te amar sem forma exata, sem espera, sem relatos de desespero, sem renuncias e sem medo aqui e fim, pra sublimamente sentir e viver o bem-me-quer de um todo no todo de um só.